Por Guilherme M. Damasceno
Serão apresentadas
nesta proposta de aconselhamentos duas visões, a primeira médica, ligada ao antropocentrismo
acadêmico psicológico, que não contraria as Escrituras, no entanto é inferior a
analise teológica que é extremante bibliocêntrica, posteriormente a conclusão
trará a proposta de um aconselhamento eficiente e eficaz.
Analise médica
Depressão não é tristeza.
É uma doença que precisa de tratamento. Cerca de 18% das pessoas vão apresentar
depressão em algum período da vida. Quando o quadro se instala, se não for
tratado convenientemente, costuma levar vários meses para desaparecer.
Depressão é também uma doença recorrente. Quem já teve um episódio na vida,
apresenta cerca de 50% de possibilidades de manifestar outro; quem teve dois,
70% e, no caso de três quadros bem caracterizados, esse número pode chegar a
90%. A depressão é uma patologia que atinge os mediadores bioquímicos
envolvidos na condução dos estímulos através dos neurônios, que possuem
prolongamentos que não se tocam. Entre um e outro, há um espaço livre chamado
sinapse, absolutamente fundamental para a troca de substâncias químicas, íons e
correntes elétricas. Essas substâncias trocadas na transmissão do impulso entre
os neurônios, os neurotransmissores, vão modular a passagem do estímulo
representado por sinais elétricos. Na depressão, há um comprometimento dos
neurotransmissores responsáveis pelo funcionamento normal do cérebro.
Tristeza é um fenômeno normal que faz parte da
vida psicológica de todos nós. Depressão é um estado patológico. Existem
diferenças bem demarcadas entre uma e outra. A tristeza tem duração limitada,
enquanto a depressão costuma afetar a pessoa por mais de 15 dias. Podemos estar
tristes porque alguma coisa negativa aconteceu em nossas vidas, mas isso não
nos impede de reagir com alegria se algum estímulo agradável surgir. Além
disso, a depressão provoca sintomas como desânimo e falta de interesse por
qualquer atividade. É um transtorno que pode vir acompanhado ou não do
sentimento de tristeza e prejudica o funcionamento psicológico, social e de
trabalho.
Em geral,
o indivíduo com depressão reconhece que está sendo afetado por algo novo,
diferente das outras experiências de tristeza que teve na vida. A família pode
identificar o comportamento do deprimido pela mudança de atitudes, porque ele
deixa de ser o que era, deixa de sentir alegria, apresenta queda de desempenho
e passa a agir de forma diferente da habitual.
Analise Teológica.
Há um conceito que tem
se alastrado no meio evangélico e que compreende a depressão como patologia, ao
invés de entendê-la como algo relacionado ao comportamento, ou seja, não como
causa e sim consequência de algo que está acontecendo no íntimo do indivíduo,
seja este de causa biológica ou emocional.
Nas Escrituras, os
sentimentos associados à depressão são descritos como um semblante descaído
(Gênesis 4:6), um espírito abatido (Provérbios 17:22, 18:14), tristeza
(Provérbios 15:13), desespero (Salmo 42:11), um coração quebrantado (Salmo
147:3); fardos pesados de iniquidade (Salmo 38:4), luto (Salmo 38:6), peso que
faz encurvar (Salmo 38:6), tristeza a ponto de verter lágrimas (Salmo 119:28) ou
desfalecimento (fraqueza ou desmaio) (Efésios 3:13; Hebreus 12:3). No Salmo 38,
Davi descreveu vários sintomas e sentimentos relacionados com "estar
deprimido": Ninguém está completamente imune aos sentimentos depressivos
como vemos em I Coríntios 10:12-13. Muitos personagens bíblicos também
experimentaram aquilo que hoje seria classificado como "depressão",
mas o fator que desencadeou a depressão em suas vidas foi uma ênfase no
"eu", que os conduziu ao pecado e este, por sua vez, é que os
conduziu à "depressão".
É evidente que, em
certos casos, disfunções orgânicas podem desencadear sintomas depressivos,
porém muitos distúrbios (temporários ou crônicos) comumente definidos como
depressão, são de fato uma consequência de hábitos não bíblicos e ou reações
pecaminosas para com circunstancias ou pessoas.
O cuidado físico
adequado é essencial para o cumprimento do plano de Deus, conforme I Coríntios
6:20 e Filipenses 1: 20. É importante submeter-se a um diagnóstico médico
sempre que houver a suspeita de algum problema físico e dar prosseguimento ao
tratamento adequado, no entanto, é importante lembrar que o crente ainda assim
será responsável por responder de forma bíblica diante de qualquer dificuldade
independente de seus sentimentos, segundo o exemplo de Jeremias em Lamentações
3:31-32, e do apóstolo Paulo em II Coríntios 12: 7-10.
Se em meio às
dificuldades físicas o crente agir com responsabilidade (o que inclui buscar
assistência médica apropriada) e praticar o amor bíblico em todos os seus
relacionamentos, o crente agradará a Deus, provará do Seu cuidado amoroso e
será fortalecido. Se tudo isso o crente observar com cuidado, como poderia a
depressão estar presente em sua vida? (Gen. 4:7; Salmos 34:19; 37:23-24;
119:143; 147:6; II Cor. 12: 9-10; Fil. 2: 3-8; 4:13 e 19; Tiago 1:25).
Estas são questões
muito presentes no seio das igrejas locais da atualidade, não só no Brasil, mas
em todo o mundo. O problema é que poucas vezes se tem dado uma resposta bíblica
firme e coerente diante da avalanche de conceitos humanos no exercício do
aconselhamento cristão. Uma advertência de grande contribuição para um
posicionamento bíblico efetivo é o livro Introdução ao Aconselhamento Bíblico
de John F. MacArthur Jr. e Wayne A. Mack, o qual transcrevo um trecho do
primeiro capítulo:
“Em anos recentes, entretanto, surgiu dentro da
Igreja um forte e bastante influente movimento que procura substituir o
aconselhamento bíblico no corpo da Igreja pela 'psicologia cristã' - técnicas e
sabedoria adquiridas a partir de terapias seculares e aplicadas por
profissionais que recebem por seus serviços. Os que têm liderado esse
movimento, via de regra, soam levemente bíblicos. Isto é, eles citam as
Escrituras e misturam idéias teológicas aos ensinamentos de Freud, Rogers,
Jung, ou qualquer escola de psicologia secular que, porventura, sigam. O
movimento em si, entretanto, não está conduzindo a Igreja a uma direção
bíblica. Vem, sim, condicionando os cristãos a pensar no aconselhamento como
algo que deva ser reservado a especialistas bem treinados. Tem aberto a porta
para uma variedade de teorias e terapias extrabíblicas. Na verdade, tem deixado
muitos com o entendimento de que a Palavra de Deus é incompleta, insuficiente,
obsoleta e incapaz de oferecer ajuda aos mais profundos problemas emocionais e
espirituais das pessoas. Esse movimento tem impelido milhões de cristãos a
buscar ajuda espiritual longe de seus pastores e irmãos na fé, introduzindo-os
nas clínicas psicológicas. Ele tem dado a muitos a impressão de que se adapta a
métodos seculares, o plano de doze passos por exemplo, pode ser mais útil que
os meios espirituais que visam a afastar as pessoas de seus pecados. Resumindo,
ele tem diminuído a confiança da Igreja nas Escrituras, na oração, na comunhão,
e pregação como meios por intermédio dos quais o Espírito de Deus opera para
transformar vidas.”
O perigo de um
desprezo pelas Escrituras é reforçado pelo irmão J. Adams que, em seu livro
Conselheiro Capaz, aborda com muita propriedade o assunto dos problemas da
alma. Adams procurou respostas na psicologia a fim de aprimorar o ministério de
aconselhamento, no entanto, grande foi sua decepção ao descobrir que a maioria
dos conselheiros cristãos recomendava princípios e métodos antagônicos às suas
convicções evangélicas. Como pastor, Adams não podia admitir tratar do problema
do pecado como se fosse uma doença.
Um outro autor muito
conhecido no meio evangélico, o irmão Dave Hunt, em seu livro Escapando da
Sedução, escreve:
“Vemos mais uma vez o
triste resultado de interpretar a Bíblia com base em crenças pré-determinadas -
e, infelizmente no caso da psicologia, de crenças a respeito das quais nem
mesmo os "especialistas" conseguem concordar, e que não deram prova
de funcionar (em muitos casos, na verdade, deram prova de não funcionar). A
psicologia cristã é uma tentativa de realizar um ato de equilibrismo, com um pé
na Rocha firme, Jesus Cristo, e o outro na areia movediça do humanismo.”
O amado pastor Infante
em seu livro O Pastor nestes Tempos Difíceis é enfático quanto à sutileza do
pensamento do mundo que se faz de inofensivo e contamina a Igreja. Ele diz:
“Estamos exercendo o
ministério em tempos difíceis, onde os valores invertidos na sociedade adentram
em muitas igrejas. A música, moda, ecumenismo, maçonaria e tantas outras coisas
mundanas são encaradas como coisas inofensivas à sã doutrina. Onde os Atalaias?
A Palavra de Deus condena a imitação das coisas do mundo!”.
É exatamente nesses
termos que a sutileza da idéia que depressão é uma doença e que a psicoterapia
não tem nada de mais e é uma ajuda importante no combate à esse mal torna-se
uma mancha na suficiência da Palavra no processo de santificação do crente e um
golpe fatal na dependência de Deus e obediência necessária que encontramos no
exemplo das Escrituras:
“Como, pois,
recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele, Arraigados e
edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, nela
abundando em ação de graças. Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa
sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens,
segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; Porque nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade” Colossenses 2: 6-9.
Conclusão
Existem algumas coisas
que aqueles que sofrem de depressão podem fazer para aliviar a sua ansiedade.
Eles devem se certificar de que estão permanecendo na Palavra, mesmo quando não
sentem vontade. As emoções podem nos desviar do caminho, mas a Palavra de Deus
permanece firme e imutável. Nós devemos manter forte a fé em Deus, e nos aproximarmos
dEle ainda mais quando sofremos provas e tentações. A Bíblia nos diz que Deus
jamais permitirá que sejamos tentados além do que possamos suportar (1
Coríntios 10:13). Apesar de estar deprimido não ser um pecado, uma pessoa ainda
é responsável pela forma como responde à aflição, incluindo a busca pela ajuda
profissional de que precisa. “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus,
sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome”
(Hebreus 13:15).
Fontes de pesquisa:
Ricardo Moreno é
médico psiquiatra e professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade de
São Paulo. http://drauziovarella.com.br/audios-videos/estacao-medicina/depressao-doenca-que-precida-de-tratamento/
Prof. Humberto
Alcantara de Oliveira é Bacharel em História pela PUC São Paulo, membro do
Templo Batista de Indianápolis professor do S.B.E. e do curso de
Autoconfrontação.
http://solascripturatt.org/SeparacaoEclesiastFundament/DepressaoNaoEhDoenca-HADeOliveira.htm
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